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sábado, 13 de agosto de 2011

Pequeno trauma meu....


 Estava na terceira ou segunda carteira, na fileira mais distante da porta, lendo, e ignorando praticamente todas as aulas que até então tinham sido ministradas, apenas lendo, e me divertindo, sentindo pela primeira vez medo, pela primeira vez me perturbando com um livro de terror. Estava lendo Dracula de Bram Stoker, tinha feito um progresso considerável no meio de uma confusão de diários, devia estar lendo algo escrito por Mina.
Era aula de artes.
A professora impaciente tentava dar aula, algo como historia da arte, acho que foi apenas nesse ano que eu tive aulas de arte interessantes que não consistiam em desenhar e imitar estilos antigos, a aula devia estar interessante, mas o livro era melhor, muito melhor, alias a professora nunca soube dar uma aula que não consistisse de desenhar, ela se dizia bipolar, idiota, nem sabe direito o que é transtorno bipolar e se dizia uma, também se dizia artista, isso sim ela deveria ser, mas apenas técnica, nada muito profundo ou interessante.
Ela chama a minha atenção.
Fecho o livro.
Ela volta a dar aula.
Pego de volta o livro e volto a ficar imerso nesse universo de terror, o ultimo romance gótico clássico, um ápice de clichés da época, mas bem apresentados.
Ela agora chama a minha atenção novamente, e ameaça.
Fecho o livro e escondo ele debaixo do estojo.
Ela volta a dar sua aula, era até interessante, pena que eu já sabia o suficiente, pena que ela só desse aulas assim por obrigação de ter que fazer provas.
Volto a ler o livro.
Ela notou, dessa vez briga comigo.
-Afinal o que esta lendo?
Ela faz um gesto pedindo ele, fiquei altamente irritado nessa hora, mas não podia responder, apenas entregar o livro.
-Dracula? Huh.
Ela confisca o livro, e fica com ele por uma semana mais ou menos.
Antes ela não tivesse dado aquele huh, tão desdenhoso, uma ofensa, um disparate, ela simplesmente destroi toda a ilusão, toda a diversão que tive com o livro até agora. Esse huh infatilizador, esse huh horrendo, quase não pego o livro, ele ficou tão infantil.


Eu ia postar num blog que tenho, mas como uso um pseudónimo la e prefiro o anonimato, e esse texto é muito intimo, alem de ser verdadeiro, então resolvi postar aqui, espero que o Philipp não fique puto. Realmente nunca mais sequer voltei a tocar no livro, pus ele na estante e ignorei.

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